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“Desligar” a internet é prática recorrente de governos autoritários

Em 2021, 34 países bloquearam o acesso de seus cidadãos à rede de computadores ao menos uma vez. No cômputo total, foram 182 bloqueios ao longo do ano passado

Em 2021, 34 países bloquearam o acesso de seus cidadãos à rede de computadores ao menos uma vez. No cômputo total, foram 182 bloqueios ao longo do ano passado

 

Bernardo Vianna

 

Momentos de instabilidade política foram, ao longo dos dois últimos anos, os principais causadores de bloqueios do acesso da população à internet ordenados por seus respectivos governos. O registro foi feito pela organização internacional sem fins lucrativos Access Now, por meio da campanha #KeepItOn, que, em parceria com organizações nacionais de defesa dos direitos humanos de diversos países, monitora a censura de governos autoritários à internet.

 

 

 

De 2018 a 2021, o governo indiano foi o que por mais vezes bloqueou o acesso à internet em seu território. Foram registrados 470 bloqueios, principalmente na região de Jammu e Caxemira, área que soma a disputa de fronteiras com o vizinho Paquistão à tensão religiosa entre hindus e muçulmanos e a ocorrência de protestos de fazendeiros, em 2021, contra novas leis que regulamentam a agricultura no país.

O segundo país com mais bloqueios registrados, um total de 26 de 2018 a 2021, é o Iêmen, onde ocorreram violentos protestos em 2019. Em terceiro lugar está o Paquistão, onde a internet foi bloqueada ao menos 21 vezes desde 2018. Já em Mianmar, país que sofreu um golpe de estado dos seus militares em 2021, foram registrados 18 bloqueios.

Mesmo o Reino Unido, com reconhecida tradição democrática, também entrou na lista de países que atacaram o direito dos cidadãos à informação — em 2019, a polícia de Londres bloqueou sinais de wi-fi para conter protestos contra a crise climática.

 

 

Mas nem sempre os motivos dos bloqueios do acesso à internet estão ligados a momentos de tensão, embora ainda representem uma forma de autoritarismo. Países como a Argélia e a Síria regularmente, ao menos desde 2016, cortam o acesso à internet de sua população durante os exames equivalentes ao nosso vestibular para, segundo alegam, evitar trapaças dos concorrentes.

Independentemente do motivo, sempre que um governo local ou nacional ordena algum tipo de bloqueio à internet, não apenas está agindo autoritariamente e em detrimento do direito humano de acesso à informação, como também prejudica economicamente a população cuja renda depende de serviços negociados por meio de plataformas online, ou que utiliza redes sociais para divulgar seu trabalho. Além disso, coloca em risco qualquer pessoa que precise se comunicar em uma situação de emergência de saúde e prejudica o acesso à educação para todos que dependam de aulas remotas.

 

 

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