Lançado em 2020 (antes, o Insper já oferecia cursos de pós-graduação na área), o curso de graduação em Direito do Insper busca formar profissionais capazes de mediar diálogos e liderar equipes multidisciplinares, atuando em diversas áreas nos setores público e privado e na sociedade civil. Para que pudesse elaborar uma proposta curricular conectada às necessidades atuais, o Insper, antes de lançar seu curso, fez uma extensa pesquisa com escritórios, empresas, instituições do sistema de justiça e organizações da sociedade civil. O resultado é um curso único na área jurídica no Brasil.

 

Mas o que o curso do Insper tem de diferente? Quem explica é o professor Rafael Bellem de Lima, coordenador da graduação em Direito e um dos coordenadores do Núcleo de Decisões Constitucionais do Centro de Regulação e Democracia do Insper. Ele chegou ao Insper em 2016 e participou da criação do curso de Direito do Insper desde o início. Confira na entrevista a seguir:

 

O que o curso de Direito do Insper tem de diferente em relação aos demais cursos de graduação na área jurídica?

 

O curso do Insper se destaca por várias razões. Primeiramente, foi resultado de um trabalho minucioso de vários anos, que envolveu a identificação das necessidades da sociedade, tanto no setor público quanto no privado. A premissa fundamental era criar um curso verdadeiramente diferente. Para nós, não fazia sentido lançar um curso para fazer mais do mesmo.

 

Essa diferenciação se concentra em três pilares. Primeiro, o curso foi projetado para formar profissionais capazes de interagir com pessoas de diversas áreas do conhecimento. Os alunos são incentivados a compreender como o direito se relaciona com outros aspectos da vida, com a política e com a economia, além de considerar as implicações de suas decisões jurídicas em um contexto mais amplo.

 

Segundo, a grade curricular inclui uma presença significativa de disciplinas de outras áreas do conhecimento, como economia e ciência de dados, além de abordagens interdisciplinares para lidar com desafios jurídicos complexos. O objetivo é equipar os alunos com uma compreensão mais abrangente e prática do direito.

 

E, terceiro, a metodologia de ensino é altamente participativa e centrada no aluno. As aulas são dinâmicas, desafiadoras e envolvem os alunos em discussões, resolução de problemas reais e projetos práticos.

 

Em resumo, o curso de Direito do Insper se diferencia pela sua abordagem orientada para problemas, pela interdisciplinaridade e pela metodologia de ensino participativa e centrada no aluno, proporcionando uma formação jurídica única e altamente relevante para as demandas da sociedade.

 

O curso de Direito do Insper se inspirou em experiências internacionais?

 

Buscamos inspiração em experiências no exterior, especialmente nos Estados Unidos, mas com adaptações significativas devido às diferenças fundamentais no sistema educacional e nas necessidades dos alunos no Brasil. Nos Estados Unidos, por exemplo, o curso de Direito não é um programa de graduação, mas de pós-graduação. Então, os alunos lá são mais maduros, já passaram por algum tipo de formação, diferentemente do que ocorre no Brasil, onde os estudantes são recém-saídos do Ensino Médio.

 

A principal inspiração das experiências internacionais veio da abordagem de “clinical education”, na qual os alunos lidam com problemas reais desde o início do curso e trabalham em colaboração com organizações parceiras. Além disso, o curso incorpora conhecimentos de outras áreas, como ciência de dados, programação e estatística, para capacitar os alunos a resolver problemas complexos de maneira interdisciplinar.

 

As clínicas acontecem uma vez por ano?

 

Sim, as clínicas ocorrem uma vez no final de cada ano letivo. Elas são programadas para os segundo, quarto e sexto semestres do curso. Nesses semestres, os alunos têm um mês mais curto, sem aulas regulares de outras disciplinas, dedicando-se exclusivamente às atividades da clínica. Eles se organizam em grupos de cinco a seis alunos, com um tutor dedicado. Durante o mês, os estudantes se dedicam a conhecer o problema, interagem com o cliente, discutem com seus tutores, desenvolvem projetos, implementam soluções e, por fim, apresentam uma versão final do trabalho à banca avaliadora.

 

Quando concluírem o curso, o aluno de Direito do Insper terá estudado todas as matérias oferecidas por um curso tradicional?

 

Sim, o curso do Insper atende às diretrizes curriculares do Ministério da Educação. Esse é um ponto fundamental. Ao desenhar nosso currículo, tomamos o cuidado de assegurar que tudo o que foi desmontado estivesse presente no novo formato.

 

A estrutura básica do curso inclui seis semestres de currículo obrigatório, mais um pequeno segmento do sétimo semestre, abrangendo todas as diretrizes curriculares necessárias para uma formação em direito. Posteriormente, oferecemos disciplinas eletivas nos sétimo, oitavo, nono e décimo semestres. Isso permite que os alunos escolham cursos de acordo com seus interesses e objetivos profissionais, personalizando sua formação de acordo com suas preferências.

 

Por que o aluno de Direito do Insper precisa estudar programação e ciência de dados, disciplinas que não existem nos cursos tradicionais?

 

O perfil do advogado mudou muito nos últimos anos. O mundo está cada vez mais digitalizado, e isso está gerando novos desafios para os advogados. Optamos por tornar essas disciplinas obrigatórias por duas razões. Em primeiro lugar, estamos formando profissionais para o futuro, não apenas para o presente. Em cinco anos, esses estudantes serão advogados, e é crucial que estejam preparados para enfrentar os desafios tecnológicos que estão moldando o mundo.

 

Em segundo lugar, reconhecemos que, em suas carreiras, esses advogados frequentemente precisam buscar conhecimento extra, fora da faculdade, sobre tópicos como contabilidade e finanças. Portanto, ao integrar noções dessas disciplinas em nosso currículo, ajudamos os alunos a entenderem melhor o contexto das decisões jurídicas, preparando-os para oferecer orientação mais abrangente e eficaz a seus clientes no setor privado e público.

 

Em sua opinião, qual a importância do Programa de Bolsas do Insper, que traz mais diversidade para a escola?

 

O Programa de Bolsas desempenha um papel central por várias razões. Primeiramente, o Insper busca contribuir para a formação de pessoas e a transformação do país, o que requer a presença dos melhores alunos. As bolsas permitem que alunos excelentes, que não teriam recursos para frequentar a escola, participem, ampliando a diversidade na escola. Esses bolsistas, apesar das desigualdades de oportunidades, demonstram alto desempenho acadêmico e motivação, enriquecendo o ambiente educacional.

 

Vale destacar que o curso no Insper é rigoroso academicamente, exigindo muito dos alunos em termos de leitura e trabalho. As bolsas não apenas proporcionam acesso a alunos talentosos que não poderiam pagar, mas também permitem que eles se dediquem integralmente aos estudos, evitando a necessidade de trabalhar para se sustentar.

 

Outro ponto importante é que a presença de bolsistas contribui para a diversidade de opiniões e pontos de vista nas salas de aula, além de estimular os colegas. Esses alunos buscam diversas oportunidades acadêmicas, como bolsas de pesquisa, e servem como exemplos inspiradores para seus colegas.

 

Em outras palavras, o Programa de Bolsas beneficia não somente os bolsistas, como também tem um efeito positivo nos demais estudantes?

 

Sim, definitivamente. Quando eu estava desenvolvendo o projeto de graduação e visitei instituições como Harvard e Yale, ficou claro que a composição diversificada da sala de aula é essencial. Isso porque a formação em Direito é, em sua essência, relacional, ou seja, as pessoas têm que se relacionar com outras pessoas e entender as diferentes necessidades da sociedade.

 

Além disso, nossos bolsistas são frequentemente pessoas que, devido às circunstâncias da vida, tiveram que lutar muito para alcançar as oportunidades que têm hoje. Suas histórias e seus esforços inspiram e motivam seus colegas, criando um impacto positivo que vai além da sala de aula. Isso é algo que considero extremamente relevante em nossa abordagem educacional.

 

AGRADECIMENTO

Essas conquistas são fruto do trabalho conjunto e da dedicação de muita gente. Estamos ansiosos para compartilhar mais detalhes e continuar nossa jornada de sucesso. Muito obrigada por todo o apoio!

• Ana Paula Martinez – Conselheira do Insper
• Neidinha Moraes
• Escritório Demarest
• Escritório Levy Salomão
• Escritório Machado Meyer
• Escritório Mattos Filho
• Escritório Pinheiro Neto